domingo, 21 de abril de 2013

Terroristas são os outros by Fábio Beilfuss


Terroristas são os outros
Fábio Beilfuss

Nestes anos que tenho me dedicado a leituras e análises sobre o sistema, somado ao fato de ser um profissional que lida com temas históricos, me deparo com discursos que muitas vezes destoam das práticas. O grande exemplo é o se diz respeito ao terrorismo.

Desde o 11 de setembro de 2001, o mundo começou a temer mais do que nunca o terrorismo. Mas do que se trata o tema? O que é terrorismo? As grandes redes de comunicação do mundo respondem essa pergunta afirmando que terrorismo é toda ação deliberada e orquestrada por grupos que se opõe a ordem e se utilizam de violência para atingir seus objetivos. Pois coloca-se em questão outro fato. O que é ordem? De bate pronto, a resposta vem a boca: a democracia.
Neste momento, com a curiosidade de uma criança acompanhada de meu ímpeto filosófico, questiono mais uma vez: O que é democracia? A resposta pra isso, segundo o senso comum, é a forma  de governo que tem com base a eleição dos seus governantes e parte do princípio a ação através da lei e não necessitaria do uso da violência. Defende o estado de direito, a propriedade privada e respeita a soberania de outras nações.

Entretanto, quem usa de violência para atingir seus objetivos é não terrorista? Atentar contra a soberania de outros povos não seria um desrespeito aos princípios democráticos? Pois bem, comecei a ver a grande contradição entre discurso e prática de alguns países democráticos. Os EUA, defensor da democracia, sempre arrumando pretextos para poder adentrar militarmente em outros países, sob a bandeira da democracia. Mas a democracia, em seu sentido moderno, não é o poder que emana do povo? Logo,impô-la não seria nada nada democrático. E o pior, uma democracia imposta com armas. Eu não quis comentar sobre o que essa “democracia” esconde. Um interesse em recursos naturais dos países invadidos. No caso, petróleo. O engraçado de tal fato foi a busca por armas de destruição em massa, das quais nenhuma foi encontrada, e o preço do petróleo, agora mais “abundante” no mercado internacional apenas subiu. Em suma, agora,nos países invadidos, a democracia foi instaurada. Ou melhor, imposta.

Um tema mais histórico então: Os aliados que combatiam as forças do Eixo, falando em democracia.Em um primeiro momento, ou melhor, antes da guerra, faziam vista grossa as práticas dos fascistas, e no momento em que estas não mais interessavam, o anjo virou demônio. A revista Time de 1938 elegeu Hitler como homem no ano! Isso um ano antes da guerra. Depois, o Hitler aclamado, exemplo de estadista virou sanguinário. Mas pra piorar a situação dos “democratas”, tenho que falar que os países que lutavam cotra o nazi-fascismo também eram contra judeus e tinham verdadeiros Apartheids em seus territórios. Os Eua tinham territórios segregados entre brancos e negros até 1962!

O leste europeu sofreu de algo parecido, quando o “comunismo” foi imposto pelos soviéticos. Logo, também atentou-se contra o princípio revolucionário, dizendo que o socialismo seria uma construção popular, e não uma imposição. Eis aí um dos motivos por que a coisa não deu lá muito certo.
Eu ia esquecendo: o financiamento sistemático por parte de países democráticos das ditaduras da América Latina nas décadas de 60 e 70...

O que concluo? Primeiro: democracia é um conceito que se utiliza hoje apenas para justificar atrocidades contra outros povos cujos governantes não concordam com tal concepção. Segundo: Dentro dos fatos, penso que não há democracia de fato.

Não sou contra a democracia, apenas quero que ela exista de fato, e não essa farsa que nos é apresentada todos os dias. Quero que ela venha acompanhada de justiça social e não apenas para justificar atos de uma classe dominante, que interpela através de seus governos para que estes atendam seus interesses. No meu entender, a democracia ainda não existe. E em caso de contradição, terroristas são os outros....

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